O que é e como fazer um Bulk ou Monotub | EDADEA
Monotubo ou Bulk envolve o cultivo de cogumelos numa caixa de plástico, saco ou recipiente modificado.
Ajustando este produto básico doméstico, os produtores podem criar o microclima ideal de que os cogumelos necessitam para crescer.
Um Monotubo mantém os níveis de humidade elevados, mas tem orifícios de ar que permitem a troca adequada de gases. Um substrato reveste a base do monotubo e contém todos os nutrientes de que os fungos necessitam para crescerem corretamente.
O micélio colonizará rapidamente todo o substrato e em breve surgirá uma floresta de pequenos corpos frutíferos. Esta técnica é superior a qualquer outro método caseiro no que respeita à produção. Além disso, o monotubo ou bulk permite que os produtores concentrem todos os seus esforços numa única estrutura; em comparação, mexer em pães de micélio e câmaras de cultura separados requer consideravelmente mais esforço.
Em geral, o monotubo é fácil, económico e simples, desde que sejam respeitadas as normas mínimas de higiene e limpeza.
MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA CONSTRUIR UM MONOTUBO
Para construir o seu próprio monotubo, vai precisar dos seguintes objectos:
-Cortador, faca ou tesoura.
-Isqueiro.
-Luvas.
-Papel absorvente/papel de cozinha.
-Caixa de plástico com tampa (25-35 litros, a que vê nas imagens tem 25 litros e mede 36 x 42 x 35 cm).
-Grânulos 100 % colonizados da sua variedade preferida.
-Fibra de coco ou crina de cavalo (esterilizada).
-Vermiculite (esterilizada).
-Saco de lixo (opcional).
-Máscara.
-Álcool 70% em atomizador (recomendado) (70% de álcool a 96 graus e 30% de água) é necessário reduzir o álcool porque o álcool puro evapora antes de matar as bactérias, Lysol, Sanytol, etc... também seria válido.
-10 volumes de peróxido de hidrogénio num frasco de spray (água normal de farmácia).
-Fita adesiva de embalagem ou similar.
-Capela de fluxo laminar ou similar (altamente recomendada).
-Fita microporosa ou pérola de aquário.
PREPARAÇÃO DO MONOTUBO
Mais ou menos no meio da caixa de plástico de 25 litros, faremos dois orifícios em cada um dos dois lados mais compridos da caixa, também pode fazer um orifício em cada um dos 4 lados da caixa (ambas as opções são válidas) com cerca de 3-4 centímetros de diâmetro, se o recipiente for maior, terá de fazer mais orifícios ou torná-los maiores.
A melhor maneira é utilizar um berbequim com uma broca ou uma coroa do tamanho pretendido, pode também utilizar um cortador aquecendo-o, mas tenha cuidado porque a caixa pode partir-se se fizer demasiada força.
Com fita de alumínio ou qualquer outra fita opaca (recomendo uma fita americana forte, para que quando lavarmos a caixa de plástico para o futuro a granel, não se descole), cobrimos a parte inferior e entre 8-10 centímetros no fundo e nos lados (até onde chega a mistura com o grão e o substrato), Isto é para evitar a entrada de luz por baixo e pelos lados, para que todos os cogumelos saiam por cima, pois se saíssem por baixo poderiam apodrecer e contaminar toda a cultura. Podes evitar isto usando um saco do lixo dentro da caixa e deitando o substrato lá dentro, mas não o recomendo, pois colocar um saco ou qualquer outra coisa dentro da caixa aumentará as hipóteses de contaminar o teu volume.
PROPORÇÕES DOS SUBSTRATOS
Recomendamos a utilização de quantidades iguais de Grão/Fibra ou Composto/Vermiculite e pode mesmo adicionar um pouco mais de grão do que os outros elementos, uma vez que o grão contém mais nutrientes necessários para o crescimento dos fungos.
Misturas recomendadas:
Mistura 1 - Esta mistura é a mais utilizada para a maioria das variedades e é a que vendemos.
1 parte de grão colonizado
1 parte de vermiculite
1 parte de fibra de coco
Mistura 2
1 parte de grão colonizado
1 parte de vermiculite
½ parte de fibra de coco e ½ parte de estrume de cavalo
Nem todos os cogumelos se alimentam das mesmas coisas, algumas variedades a mistura 1 seria perfeita, mas outras variedades precisariam da mistura 2 para o seu desenvolvimento perfeito, também podes substituir o estrume de cavalo por estrume de vaca (nunca fresco).
MUITO IMPORTANTE
É muito importante que faças o trabalho num local fechado, sem correntes de ar, animais ou qualquer coisa que possa trazer qualquer contaminante para a cultura, a mais pequena brisa pode arruinar a tua cultura.
Se não se vai iniciar a produção a granel logo que se recebe o micélio, pode-se guardá-lo durante alguns dias no frigorífico a 4°C. Quando se decide iniciar a produção a granel, deixar o saco de micélio colonizado durante um ou dois dias à temperatura ambiente, antes de fazer a produção a granel. Quando decidir começar a fazer a massa, deixe o saco de micélio colonizado durante um ou dois dias à temperatura ambiente antes de fazer a massa, de modo a que o micélio seja ativado, a colonização do substrato será mais rápida, se o fizer fora do frigorífico demora mais tempo a começar a colonizar o substrato, a diferença de tempo não é muito grande, mas como se trata de um substrato estéril, as bactérias entrarão nele e quanto mais depressa o micélio colonizar, mais forte será contra elas.
MÃOS À OBRA...
A primeira coisa a fazer é escolher onde fazer a mistura, podemos misturar diretamente na caixa de frutificação ou misturar numa caixa mais pequena, isto dependerá da técnica de aquecimento que utilizar.
Se utilizarmos a técnica de aquecimento com um aquecedor de água, (aquecedores de aquário) numa garrafa, teremos de fazer o grosso numa caixa mais pequena que caiba dentro de uma maior.
Se fores aquecer com uma manta térmica fora da caixa ou numa sala com temperatura controlada, faz o volume na caixa de 25/35 litros, eu recomendo a caixa de 25 litros, pois há menos risco de contaminação, uma vez que há menos ar dentro da caixa.
Cubra os orifícios da caixa com fita adesiva ou similar, desinfecte toda a área de trabalho, bem como as suas mãos, luvas, braços e instrumentos com ar atomizado com álcool a 70% ou outro desinfetante.
Pulverizar a caixa e a tampa com álcool, por dentro e por fora, e deixar atuar o álcool durante alguns minutos.
Limpar bem a caixa e a tampa com papel absorvente. Pulverizar um pouco de peróxido de hidrogénio no interior da caixa.
Desinfetar com álcool todos os utensílios que vão ser utilizados, assim como os sacos de micélio e de substrato.
Pegar no saco de micélio e esmigalhar o grão no saco antes de o abrir, para que o grão seja melhor distribuído com o substrato e assim uma colonização melhor e mais rápida.
Pegue no substrato já esterilizado e humedecido até ao ponto correto e adicione-o ao monotubo; a humidade correcta é quando caem algumas gotas de água ao apertar o substrato com a mão.
Em seguida, abrir o saco do micélio (esterilizar com a chama de um isqueiro o cortador ou a tesoura para abrir o saco do micélio e o saco do substrato, podendo também limpá-los com álcool).
Deitar o grão colonizado em cima do substrato e com uma colher ou garfo previamente desinfectado, mexer bem a mistura para que o grão se misture homogeneamente com o substrato, quando estiver bem misturado esmagar um pouco com a colher ou garfo previamente desinfectado para que fique um pouco compactado, não demasiado, pode também bater suavemente com a caixa contra a mesa para que o substrato fique um pouco compactado.
Deitar um pouco de peróxido de hidrogénio sobre o substrato e sobre as paredes e a tampa da caixa.
Agora coloca fita adesiva à volta da tampa para selar o cone, de modo a que nenhuma bactéria entre e nenhuma humidade se perca durante o período de colonização. Deixa o cone no escuro a uma temperatura de 22-25 graus (a 22 graus a colonização é mais lenta, mas quanto mais alta for a temperatura maior é a probabilidade de contaminação).
Não te esqueças que dentro do monotubo estará 1-3 graus mais quente devido ao calor produzido pelo micélio durante a colonização (podes deixar um lado da caixa aberto para evitar a condensação excessiva se tiveres temperaturas elevadas).
OPCIONAL (mas altamente recomendado):
Camada de revestimento
Após 8-12 dias de colonização (consoante a temperatura e a espécie), quando se verificar que o substrato está quase completamente colonizado,
adicionar uma camada de vermiculite esterilizada e húmida de cerca de 0,5 cm, cobrindo toda a camada superior de micélio,
(isto pode evitar a contaminação, bem como proporcionar humidade extra e estimular o crescimento de cogumelos em toda a superfície, se não colocar a camada de invólucro os cogumelos sairão do local mais húmido, que será nos lados do volume e não terá um rendimento ótimo.
Além disso, se se tiver formado uma pequena poça de água no micélio devido à condensação nas paredes durante a colonização, a vermiculite absorverá esta água e evitará a contaminação.
Pulverizar um pouco de peróxido de hidrogénio sobre a vermiculite.
Se tocaste nos bordos do cone com os teus braços ou com qualquer outra coisa, limpa os bordos da caixa com um toalhete com álcool antes de a fechares. Deita também um pouco de água oxigenada na tampa antes de a colocares, mas não em demasia, pois a humidade pode subir demasiado e contaminar-se por encharcamento.
Deixa-o no escuro durante mais 2 a 4 dias, até veres que já está a colonizar a vermiculite.
Em seguida, coloca-o num período de 12 horas de luz e 12 horas de escuridão, se usares luz artificial.
Quando vires que começam a aparecer os primeiros cogumelos, retira a fita dos orifícios e coloca fita de perlon ou microporosa para melhorar as trocas gasosas e evitar a entrada de poluentes na cultura.
A fita microporosa impede a entrada de bactérias mas a troca de gases é muito baixa, pelo que terás de ventilar mais.
O perlon não impede a entrada de todos os contaminantes, mas a troca gasosa é mais elevada, pelo que terá de ventilar menos.
Ventilar a caixa várias vezes por dia e, se a humidade for baixa, pulverizar com água da torneira misturada com um pouco de peróxido de hidrogénio, a humidade deve ser de cerca de 85%. Nunca deitar a água sobre os cogumelos, pulverizar as paredes do recipiente.
Há várias razões pelas quais os cogumelos podem ser contaminados, a mais importante é o facto de serem cultivados artificialmente. Isto significa que na natureza existe um equilíbrio entre bactérias, fungos e outros organismos e microrganismos, mas para produzir cogumelos mágicos dentro de casa é necessário preparar o meio, o que causa o desequilíbrio biológico, e com ele as possíveis infecções.
Quando esterilizamos um substrato, deixamo-lo limpo de contaminantes, mas a ausência de outros agentes significa que o primeiro a entrar no meio florescerá sem concorrência, algo que não acontece na natureza graças ao equilíbrio entre as espécies.
A poluição pode vir através do ar, da água, das ferramentas que utilizamos, das nossas roupas, etc. ....
Qualquer agente externo que entre no meio de cultura pode constituir uma ameaça, pelo que é essencial proceder a uma desinfeção e esterilização adequadas.
A higiene e o cuidado ao manusear o pão de cogumelo são cruciais, assim como mantê-lo afastado de animais domésticos e de outros vectores de contaminação.
A contaminação é sempre causada por uma má desinfeção ou esterilização do meio de cultura e dos utensílios. Pode também ser causada por um mau manuseamento ou podemos mesmo ser nós a servir de ponte para a transmissão de infecções. Recomenda-se sempre uma limpeza extrema quando se começa, a recompensa valerá a pena.